Contexto

 

Pedaços de mim varrem ruas negras,

Outros sonham com as luzes de Paris.

Becos de mim reprimem o tédio,

Retraços rompem a linha tênue do frio.

 

Parte de mim atravessa o túnel,

Cruza as longas faixas sinalizadas,

Cruzam as pernas, cruza o mundo

E chora nas fronteiras ociosas.

 

Nas histórias que criei não estou só

O contexto se retrai, se refaz

Na história do outro, para o outro

Que pisa no barro sem ter sementes.

 

No quadro da sala em que me vejo estática,

Apática, com um sorriso sentido,

Vejo também em dado momento,

Um sorriso partido, meio tímido.

 

Soma de mim se pune pelo sistema daninho.

O que fazer num mundo tão mesquinho?

Bebo na boca da sorte e caminho

A mastigar sonhos ou milagres.

 

O que acorda em mim pinta a cidade.