A idade não adquire o amor.

Meus pergaminhos ao longo de quatro décadas

estão manchados com histórias de abandono,

frustrações, loucura quase indecentes,

violência consentida para uso e abuso.

mentindo e crendo em mentiras

principalmente por quem um dia

escolhi ter uma vida prospera,

tornar à melhor amiga e melhor companheira

perante a sociedade, amigos e família

e consentindo um mundo paralelo

desregrado e vivencias lascivas.

 

Demorei para compreender

que o amor não sabia meu nome.

por um longo tempo talvez...

Quantas vezes gritei e fui silenciada

para o amor me notar!

mais é fato que o amor é cego,

como a história dos antigos poetas

escrevem...

 

Quantas vezes, tentei pegá-lo

quando o vi passar bem diante de meus olhos

quantas vezes dei a outra face,

quando desacreditei e acreditei

e a no repente, o sangue escorria...

dando sinal, que o amor eu perdia!

 

O amor não sabe meu nome.

ele brinca que não me vê,

ele se faz de surdo quando canto,

minha última canção favorita...

ele se faz de cego,

quando em transe danço na sala nua,

desejando o amor me tomando...

ele se faz de mudo,

quando pergunto aos meus sentimentos

o motivo de não ouvir um sussurro,

que um dia fui ou sou amada!

talvez o amor tenha vergonha de quem sou,

de quem me tornei!

É porque sou um molde de vergonha?

 

Sim,

Tentei amar um amor com bondade;

-  Fui demais!

Tentei namorar um amor com ternura

- Fui normal demais!

Permitir ser rota de fuga de um amor doente

- Fui eutanásia!

me enclausurei no mundo do outro para amar

- Fui estrangulada!

tentei compensar e compreender o caos que é amar

- Fui mal interpretada!

 

Aprendi a amar de forma distante e fria...

perdi a vergonha de ficar, de expressar,

de falar, de demonstrar, de insinuar,

de entregar, de me tocar, de me respeitar

e de me colocar em primeiro lugar no assunto amor!

- O amor-próprio, deu lugar ao amor de almas que se encontram.

O carnal fez sentindo, quando você escolhe a inteligência, a juventude,

a esperteza, os sonhos, as vontades e fantasias de quem de mim,escute: - EU TE AMO!

 

Eu não mendigo,

também não fico

e aprendi a ajudar quem amo

a carregar sua cruz ou amenizar o peso

com alguma fé que me desperta.

 

A verdade, é que ainda assim...

- O amor não sabe meu nome.

 

Amei incondicionalmente lobos em pele de ovelha.

Amei meninos no auge de sua juventude

Com a falsa ideia de entender o valor do tempo.

Eu amei um homem que matou meus planos de uma vida simples,

como sonhávamos, lendo Tolstoi juntos!

Amamos e falhamos.

 

Ainda assim,

o amor não sabe meu nome.

 

Amei com erotismo trabalhado na ingenuidade

Amei com ossos quebrados, consequência de uma doença terminal,

Já amei com muitas "desculpas" ditas, mas nunca uma desculpa recebida.

 

Amei com medo de me deparar com o um fim catastrófico.

Eu amei como adoração, mas rotulado como indigno pelo dia a dia.

 

Amei sem ter nenhum amor de fato para mim,

na esperança de que minhas sinfonias românticas

chegassem a ser apreciados por ouvidos,

refinados de homens de valor que mistura ouro, prata, latão e couro!

 

Já amei mãos cruéis que me sangraram

Já amei de tantas formas, que ao longo dos tempos,

esqueci como é bom amar com calma...

com espaço e com tempo!

 

E pergunto e esse amor...

- Por que ainda não sabe meu nome?

Se és tudo o que carrego nessa alma,

sem nada exigir.

apenas se permitindo saber,

quantas caras e fases têm o amor.

Que não me reconhece,

E não sabe, a quatro séculos

Quem deveras sou!