À TOA

 

Estou à toa

sou à-toa

numa boa

sem meias verdades

grandes mentiras

no meu surrado jeans

odeio calça vincada

palavra empenhada

sou bicho rebelde

das causas perdidas

vadiando nas praças

mijando nos becos

nos becos da vida

sem passado

sem presente

sem futuro

de cara no muro

caçador solitário

achacando meretrizes

nos prostíbulos do cais

tuberculosas, enrugadas

coxas flácidas

viciadas, cansadas

sucumbo ante o destino.

 

Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)

Porto Alegre 1974

 

 

 

 

Benedito Morais de Carvalho (benê)
Enviado por Benedito Morais de Carvalho (benê) em 02/05/2023
Reeditado em 02/05/2023
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