"INGREME" Poema de: Flávio Cavalcante

ÍNGREME

I

O mais alto degrau da escada comprida

Íngreme até doer as plantas dos pés cansados

Com a cabeça erguida equilibrada na partida

Pra no fim da escada partir com voos alçados

II

Cada degrau da vida não deve se tornar exime

Tem que subir cada degrau de passo a passo

Todo cuidado é pouco para uma ida íngreme

Como na música totalmente dentro do compasso

III

Alto lá! Estou subindo os degraus inclinados

Quanto mais íngreme, chego mais perto do céu

Quero ver as estrelas em caminhos pontilhados

E aos berros soltando minha voz rouca ao léu

IV

Quero subir íngreme com uma aquarela e pincel

Boina, estilete, lápis e tintas de cores diversas

E lá de cima pintar um grandioso e mágico painel

Com as mãos borradas em tintas e submersas

V

Quero uma escada, quanto mais íngreme, melhor

Chegar ao pico mais alto, aonde nunca cheguei

Quero uma matéria rígida sem piedade e sem dó

Que só dá escada, as lembranças por onde andei

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 01/01/2023
Código do texto: T7684298
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