O FRANCO ATIRADOR
Sou um franco atirador
na batalha da palavra.
Metralho apenas amor
na cara do pilantra
que trai e afia a navalha.
Desfiro verbos em flor
pra que ele sinta o canalha
que é e replante
o seu jardim interior.
Sou um franco atirador,
atiro na pedra árdua
da cidade bombardeada
e destruo o imenso nada
que a torna esvaziada,
depois a recrio idealizada,
cidade repleta
da alma da Graça alcançada.
Sou um franco atirador
sem maldade e milícia.
Assalto o eu inferior
e anulo a sua malícia,
deixando-o ao dispor
do bem,
e na cara da polícia
atiro uma linda flor
que sangra luz armistícia.