IDADE

IDADE

Olho-me num espelho

Vejo-me velho

Mas não me sinto assim

Ainda sonho

Tenho vontades

Posso ir e vir

Sem dificuldade

Posso festejar a idade

Admirar os filhos

Abraçar as netas amadas

Beijar a companheira de jornada

Ler e escrever poesia

Respirar o dia

Seja lá cinza ou azul

Tudo são cores

De quando em vez dores

De pernas joelhos costas

Mas não reclamo dessas bostas

São apenas consequência

Do tempo que não perdoa

Mas embora doa

Gosto de ficar por aqui

Afinal não sei o que há no logo ali

Não acredito em céu e inferno

Tudo ocorre nesta dimensão

Anjos e demônios os há em profusão

Também há minhocas

Na cabeça de corocas

Que procuram a felicidade no desconhecido

Escondido embaixo da terra

Onde as larvas fazem suas refeições

Deixando apenas ossos como recordações

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 15/08/2022
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