Abstêmio
Às vezes, olho no relógio
Às vezes, objeto ignorado
Culpa de suposto enfado
De coração há muito sóbrio.
E tanto que se quer ter
Sem perceber o que se tem,
Leva a estar com ninguém
Solidão infinita de um ser.
Que mãos seguram o tempo?
Quais as que o podem adiantar?
E não saber a direção do vento
É ter bem mais a se queixar.
E vão calendários inteiros
Pelo meu peito confuso
Aprender a evitar abusos
É mostrar-se fora dos cueiros.