Baú
No meu silêncio
Cabe um mundo ignorado
E encantado, por que não dizer?
Há príncipes e castelos
Vilões e bobos da corte
Cortes e feias cicatrizes.
No meu silêncio
Cabe a boca nunca beijada
Desejada como não devia ser
Céu azul; sol amarelo
Em desenho de criança
Criação de dias mais felizes.
O interior é um álbum bagunçado
Esperando para ser arrumado
E lá também há lagos intocados;
Temores de gatos escaldados.
No meu silêncio
Cabe um amor calado
Profundo e proibido de se viver
Há aquilo que paralisa
Diante do abraço da alegria
Há recusa ao eterno desgosto
E dedos invisíveis de juízes.