TEATRO DAS FLORES

Minhas flores são analógicas.

Ainda.

Resisto descartar seus sentidos incrustados em mim.

Minhas flores têm olfato , sentem e exalam todos os perfumes.

Elas falam, escutam e calam,

sorriem e choram.

Nada cobram.

Andam pelas relvas das manhãs

Sempre de mãos dadas...

A dispensar as inserções nos vasos de cristal puro...os tantos e belos de vida virtual, digital.

Pedem solo e clamam por águas das chuvas limpas.

Minhas flores enfeitam a revoada das manhãs.

Saúdam a passarada!

Minhas flores olham nos olhos.

Jamais se esquivam da compaixão de coexistir nos campos,

ainda que minados nos sonhos.

Têm elas paixões e medos , embora poucas opções de escolha.

Minhas flores têm enredos...

Têm tato e tatuam suas texturas únicas

Na pele do meu sentido maior.

Minhas flores existem!

Analogicamente... em existência vital nessa teimosia existencial.

Minhas flores sobrevivem mas resfolegam.

No efêmero do todo momento eterno ,

Em meio ao solo que grita doído e mudo..

Ao doce e surdo teatro da existência possível.