POEMA PARA MARITA
Da porta de minha casa
Eu vigiava a saída dela
Sempre às 12h45h
Estudávamos no período vespertino
Ela caminhava a passos lentos
Já sabendo que eu apressava os meus
Para acompanhá-la à porta do colégio.
Nossos olhares conversavam sem palavras
Frases que mais tarde não cansávamos de dizer
As quais não deveríamos ter guardado
Dentro de nós naquele curto tempo
Em que já não havia dúvida de que
Seríamos um do outro.
Ficávamos um bom tempo
Esperando um pedir ao outro em namoro
Cada momento daquele curto encontro
Aumentava o intervalo da nossa paixão
Nossos corpos reclamavam afagos
Tão sonhados de instantes cheios de emoções
Que tínhamos que disfarçar do olhar vigilante
Nossos olhares magicamente pesavam
Sem contemplar a beleza dos nossos olhos
O amor um dia atendeu nosso pedido
Tão repetido de querermos ficar juntos
Sentávamos no único banquinho
Poltrona da sala da casa dela
Nele o aconchego dos nossos corpos
Cabia naquele pequeno espaço
Dos beijos, abraços e confidências
Um dia antes de ir embora
Com as pontas do dedo enxuguei suas lágrimas
Enquanto as minhas molhavam seu vestido
Algumas vezes sinto que ela vem me visitar
Trazendo aquele banquinho
Castro Rosas