há de haver beleza na degradação da alma

nem imagino o que eu seria

se tivesse capacidade de escrever

além do peso quase insuportável

de manusear um lápis

carrego comigo, ainda ,

a cruz de ter uma mente em

total desassossego

afogada em uma escuridão

que contrasta com a tolice

selvagem desse coração quebradiço

estilhaçado entre o sangue

que insiste em correr

se eu pudesse, correria também

para bem perto de mim

onde quer que eu esteja

para bem dentro, se eu ainda

aguentar

seria tão mais feliz se

me fosse permitido conhecer

quem mora nesse meu corpo

mas o que principalmente perturba

é a ideia de me conhecer tão profunda

e verdadeiramente

a ponto de estar perdida

no interstício entre a memória

e o sonho,

no meu inconsciente

Anita Maria
Enviado por Anita Maria em 30/08/2021
Código do texto: T7332009
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