há de haver beleza na degradação da alma
nem imagino o que eu seria
se tivesse capacidade de escrever
além do peso quase insuportável
de manusear um lápis
carrego comigo, ainda ,
a cruz de ter uma mente em
total desassossego
afogada em uma escuridão
que contrasta com a tolice
selvagem desse coração quebradiço
estilhaçado entre o sangue
que insiste em correr
se eu pudesse, correria também
para bem perto de mim
onde quer que eu esteja
para bem dentro, se eu ainda
aguentar
seria tão mais feliz se
me fosse permitido conhecer
quem mora nesse meu corpo
mas o que principalmente perturba
é a ideia de me conhecer tão profunda
e verdadeiramente
a ponto de estar perdida
no interstício entre a memória
e o sonho,
no meu inconsciente