Nascimento e abandono
 
Para uma menininha abandonada
no frio de Curitiba.
 
Uma criança nasceu -
mais uma no vasto mundo...
Não vai se chamar Raimundo
tampouco será Romeu
(porque a rima já morreu).
 
Sem nada foi dada à luz
num barraco da cidade.
Sem ter culpa, sem maldade,
tão pobre quanto Jesus
(tão pesada a sua cruz).
 
Num cobertor enrolada,
foi deixada no portão
de um sobrado, abandonada.
Na pele o frio da estação
(e um vazio no coração).
 
 
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N. do A. – Na ilustração, O Bebê de Rodolfo Amoedo (Salvador, 1857 – Rio de Janeiro, 1941).

 
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 25/06/2021
Código do texto: T7286518
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