Trilhos e fornos.

Por medo da sombra que nos iguala e que dizem ser apenas um momento,

Fizemos um porto construído de pedaços

Do passado e retalhos do futuro.

-- E o presente?

-- Bem, alí não cabia "Amor Fate" ou seja lá como quiserem chamar

O amor à realidade.

Empilhamos fantasias, panos de listras e pertences fingindo montanhas.

(Quando iria imaginar sobre qual trilho andaria?

Ainda portava as chaves de casa quando fui tomado).

Tínhamos poucas coisas,

Nada que pudéssemos guardar.

Nem vindos, nem possuídos, esqueléticos e apertados em nossas peles.

Percebi bem distante, formas e luzes e pensei serem deuses mas eram cacos de vidro em tempestade e fogo.

Ao fundo, chaminés vomitavam corpos de fumaça.

Lembro que as noites soltavam bolhas gélidas que pousavam em pulmõeszinhos cinzas e eu vi o coração parar.

Vi o amor arrefecer,

Ainda sim, vi o sol desmontar a noite.

E quando o meio dia chegou e nos deu quase certeza que a noite havia acabado, já não restava nada;

Nem saudade do passado, nem vontade de presente ou sequer esperança de futuro.

Restos de gente sem direção.

FCS.

Dedicado aos povos assassinados nos campos nazistas durante a segunda grande guerra.

Fabiano Stopassolli
Enviado por Fabiano Stopassolli em 09/04/2021
Reeditado em 23/02/2024
Código do texto: T7228055
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