Corda

Acordado madrugada adentro, meu pensamento flerta os fios da corda sufocando o pescoço;

Sinto meu corpo balançar como um pêndulo, quase morto, perdendo a cor e pedindo mais um pouco de tempo; entretanto, o coração para neste momento; a força vital, frágil, é vencida pela fera da forca que, com sua boca funesta, engole os pedaços de vida que me resta…

O mórbido pensamento morre. E eu corro para vela-lo e enterrá-lo no morro da minha existência.. Neste momento, por entre uma fresta, atrás de outro pensamento, vislumbro ausências e festas, no recôndito da alma. Então, com mais calma, decido entrar de penetra nesta última: e bebo e rio e danço novamente, mentalmente, até cansar...

O cansaço... os olhos se fecham, e o que me resta é cair no sono… um sonho de pedra.

Acordo quase morto, faço um café amargo, e desperto, sem fé, quase sem força, para mais um dia morno, frio e, ao mesmo tempo, pálido... taciturno, com cheiro de luto, luta, mormaço, de segunda...