Percebi que não preciso morrer para deixar de existir.
Um amor começado há tempos vagueando entre os assoalhos do pensamento.
Isso é saudade? Tortura?
Do tempo vivido incomodando um presente onde se é esquecida.
Fico a descer uma escada estreita e pouco iluminada.
Invento de ser criança de novo: minha mãe,
meu pai e o encantamento das ruas de
pedras.
Alerta sobre o homem do saco.
Numa ignorância infantil “o amanhã” é o que será que é!
Uma tempestade de paixão e sofrimentos fizeram o outono duradouro.
Primaveras?
Houveram enquanto os “dezesseis anos” vingavam e crédula entregava-me,
aos sabores das cobiças e deleite de um sexo como uma morte serena e doce.
O amor como mel que escorre pelos lábios num cativeiro gentil e primoroso tirando a
minha identidade.
Assim dá-me o prazer de pensar na morte como um esquecimento da vida.