LEMBRANÇA DO MEU PAI
LEMBRANÇA DO MEU PAI
Lembro do meu pai na janela
Onde ele passava horas
Olhando o vaivém da rua
Sempre ouvindo boa música
Carregava o pino do toca-discos
E travava com o braço
Para que caíssem um a um
Delicadamente os discos caíam
Para girar no prato
Sobre ele uma agulha de diamante
Sonorizava o som de cada música
No disco de doze polegadas
A janela era o seu camarote
Reservado só para ele
Conhecia todos que por ali passavam
Quem vinham da direita ou da esquerda
Não importava se subiam ou desciam
Alguns tinham até hora marcada
Ele sabia!
Falava baixinho, tá na hora
De Edinha com Gabriel passarem
Raros eram os que não o cumprimentavam
Outros até cortavam voltas
Só para dizer bom-dia ou boa-tarde
Seu Benedito!
Aproveitando para uma breve conversa
E poder desfrutar da beleza da música
Quando anoitecia, ele fechava a janela
E se deitava no sofá esperando
Tocar o último disco
Castro Rosas