LEMBRANÇA DO MEU PAI

LEMBRANÇA DO MEU PAI

Lembro do meu pai na janela

Onde ele passava horas

Olhando o vaivém da rua

Sempre ouvindo boa música

Carregava o pino do toca-discos

E travava com o braço

Para que caíssem um a um

Delicadamente os discos caíam

Para girar no prato

Sobre ele uma agulha de diamante

Sonorizava o som de cada música

No disco de doze polegadas

A janela era o seu camarote

Reservado só para ele

Conhecia todos que por ali passavam

Quem vinham da direita ou da esquerda

Não importava se subiam ou desciam

Alguns tinham até hora marcada

Ele sabia!

Falava baixinho, tá na hora

De Edinha com Gabriel passarem

Raros eram os que não o cumprimentavam

Outros até cortavam voltas

Só para dizer bom-dia ou boa-tarde

Seu Benedito!

Aproveitando para uma breve conversa

E poder desfrutar da beleza da música

Quando anoitecia, ele fechava a janela

E se deitava no sofá esperando

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Castro Rosas

Castro Rosas
Enviado por Castro Rosas em 22/07/2020
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