Tempo²

Aquele sorriso angustiado não há,

Não há a separação que em outrora houve,

O fim que foi anunciado não há,

A perda do mim que em ti houve não há,

Não há lembranças de nós,

Nem dos fins que perdemos,

Há nós hoje, desatemos.

Não há tempo,

Nós nus de nós,

Tempo de ser, padecer

Perder o que em nós houve

Ao passo que nos achamos,

Nos achamos em intrínsecas linhas tênues

Que desafiam a gravidade.

Perdemos de nós a ausência

Quando o riso frouxo de teus olhos a mim chegaram

Antes mesmo que teus lábios rissem

E em mim se encontrasse o que de ti se havia perdido.

E nessas entrelinhas soltas de nós,

Tempo,

Tempo de recompor algumas dores.

Tempo de ter tempo,

De perder-se para que em nós nos achemos,

Ou percamos o tempo em que em nós estivemos.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 22/06/2020
Código do texto: T6984970
Classificação de conteúdo: seguro