eu quero nascer, quero viver.
e hoje eu descobri que minha intensidade
é carência de mim mesma
afogo pessoas diversas
na minha sede de viver
desperdiço poemas, crônicas
e energia com gente que mal conheço
nas madrugadas digo ou escrevo coisas que não deveria,
peço desculpas
idealizo momentos absurdos, quase utópicos
me fiz prisioneira disso
como e bebo dos meus sonhos
e no mais obscuro fio de consciência,
eu mesma vejo que são envenenados
a falta que sinto de minha casa
e meus amigos, cadê?
a falta disso me faz
depositar a minha vida
e o meu coração nas mãos
de qualquer um que eu tenha
me encantado por alguns segundos
eu não sei o que é amar
ainda não sei
o primeiro que me disse isso
eu acreditei
e acreditei ser recíproco de minha parte
o segundo foi por um surto total
a impulsividade e inconstância ainda vão me matar
de vergonha, eu acho
ou de arrependimento
na amargura do fim das contas, o meu amigo é
um samba triste cantado por Cartola:
“e se alguém por mim perguntar,
diga que eu só vou voltar
depois que eu me encontrar”