Retorno da sensibilidade

Faz muito tempo que não escrevo.

Na verdade, faz muito tempo que não faço nada de artístico. Meu sexo se tornou automático; enfia, tira, bota, geme, goza, acabou. Logo eu, tão sensível aos toques e arrepios que bradam a alma.

Pensei em morrer 400 vezes nos últimos dias.

Mas esse pensamento é completamente normal para quem não é daqui e pensa muito como eu.

Pintei as unhas de verde, hoje estou refletindo o sublime canto do vento. Estou radiante, mas por dentro.

Só eu vejo a necessidade de viver que tenho.

Me apaixonei: e que belo amor.

Meio morno como café tomado uma hora depois de feito, mas ainda assim é humano.

A vontade de me rasgar não vem só com as tatuagens e crises de angústia. Minha alma pulsa como a dilatação de uma grávida e o grelo macio recém masturbado.

Não sei como terminar esse parágrafo.

Como a vida, um texto só é terminado quando ele não significa nada.

Thina Freitas
Enviado por Thina Freitas em 19/06/2020
Código do texto: T6981506
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