Becos do Cerrado

Becos do meu cerrado

Amo a tua melancolia, seca e tortuosa

Teus ipês breves. Teu devaneio encantado

De recantos de chão árido, e flora andrajosa

Teu cascalho roliço, céu cinza e enfumaçado

Deixando a alma da gente, comovida e chorosa

Do pôr do sol nos tordos galhos, luzidio, encarnado

Amo o silencioso horizonte, cheios de tal quimera

Que em polmes dourados e os olhos cheios d’água

Suspiram em poemas de rogo, tal a rudeza, quisera

O vento, em açoites nos buritis, aturando a frágua

Nas frinchas de suas folhas, e que ali então esmera

Que se defende, peleja, viceja e na imensidão vivace

Desenhando o sertão do planalto de intrigante biosfera

Como se a todos nós um canto de resistência declamasse.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

02 de março de 2020 – Cerrado goiano

paráfrase Cora Coralina

Vídeo no YouTube:

https://youtu.be/HiCUMjQd_fw

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 02/03/2020
Reeditado em 02/03/2020
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