A cor predestina,
mofa no orfanato,
preta menina,
sobra adotiva,
se for nordestina,
sulista discrimina,
ninguém assina.
Cresce menina,
Deus mude tua sina,
não indo pra esquina,
forçada a se prostituir,
se entupir de cocaina,
traficar maconha,
perder a vergonha,
se encher de malícia,
correndo da polícia.
A cor predestina,
o hipócrita te evita
o intolerante grita,
se mata menina!!
se torna assassina!!
se pondo mulher,
mulher banida,
mulher bandida.

Livro: Antipoético
Editora: Scortecci (2006)
Poema Revisado