DESCOMPOSTURA
Quando eu fui você
não me compus
Calcei os seus sapatos
usei a sua roupa
vesti o seu calor
Amei-te em cada ato
bebi a sua boca
deixei de ser quem sou
Fui sua sombra desenhada na paisagem
a cada amanhecer e por-de-sol
Fui seu almoço
o seu licor
o seu veneno
o seu suor
Quando eu contei você nos dedos
eu não parei de contar
Conto até hoje e me perco
e não esqueço
É que ainda te tenho comigo
no pensamento
no leito
no peito
na casa abaixo do umbigo
no sentimento
E parece (que tormento!)
que você em mim
eterno será.
D.V.
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