ADÁGIOS ENSANDECIDOS

A gente tem mesmo é que tentar,

Tipo água mole em pedra dura,

Ou nos conformarmos com a situação:

Ter um na mão e ver dois voando...

Às vezes não dá para acreditar,

Feito mulher que chora e homem que jura.

O inferno está cheio da boa intenção!

Se deitar na cama, a fama vai se criando.

Então, um consolo pode aliviar...

Após a tempestade vem a bonança.

Por mais que se tente, ninguém evita:

Água morro abaixo, fogo morro acima...

São poucos os que vão questionar,

É a verdade do bêbado e da criança;

Há um monte de coisa a ser dita,

Mas não se sai da moita, nem de cima.

Por isso eu quero me encontrar,

Mas romã não dá rima com travesseiro;

Poucos são os que conseguem,

Alguns têm um olho em terra de cego...

Há conceitos que deveriam mudar,

Feito espeto de pau em casa de ferreiro.

Negócios à parte, os amigos que se prezem!

Como todo mundo, eu devo e não nego.

Muitos têm azar e outros lambuzam da sorte

E nós temos muita roupa suja em casa.

A culpa da boca torta, não é só do cachimbo.

É aqui que se paga por tudo que se faz...

Uns vendem a pele do urso antes da sua morte,

Outros puxam sardinha pra sua brasa.

Às vezes não sei se fico quieto ou se xingo!

Quem pode manda e quem não pode faz.

Quem acredita pode ser que alcance,

Mas afirmo que o show deve continuar.

Quem sabe mata a cobra e mostra o pau

Ou dois coelhos com uma cajadada só...

É agulha no palheiro ter uma chance.

Será que Deus só ajuda se eu madrugar?

Preciso cortar a raiz para extinguir o mal?

Das doenças, a ignorância é mesmo a pior!

Quando a névoa é baixa, o sol é que racha.

O nosso cotidiano às vezes é muito difícil,

Mas águas passadas não movem moinho,

E cabeça de fósforo é que deve ficar quente...

Que venham os riscos, pois eu tenho caixa.

A ociosidade não é a mãe do meu vício.

Não sou filho de peixe, por isso não sou peixinho.

Prefiro ser pobre com saúde a um rico doente.

E eu não desisto nunca, mesmo que tarde.

A tranquilidade é o meu remédio contra insônia.

Tenho as mãos frias, mas é quente o coração,

Afinal, sempre há espinhos nas belas rosas...

Nos meus olhos é que a pimenta mais arde...

Quero a felicidade aqui, não na Patagônia.

Muitas andorinhas fazem um longo verão.

Deus escreve certo por linhas tortuosas.

Em tempo de guerra, urubu vira frango.

Sei que não vou agradar a gregos e troianos.

Entre mortos e feridos sempre escapa alguém.

Só para a morte é que não há remédio...

Se tocar samba eu não vou dançar tango.

Não decido a minha vida por baixo dos panos.

É bom que falem de mim, seja mal ou bem:

Se eu morrer vai ser lutando, não de tédio.

Não tenho pressa e nunca serei perfeito.

Da mão à boca, vai-se à sopa aos poucos.

Amigo do amigo também é meu amigo,

Sou prudente e conselho bom eu nunca dispenso...

Não vou mudar mesmo o que já foi feito!

Dependendo do dia, somos médicos ou loucos.

Deus sempre dá o frio conforme o abrigo.

Sabem da minha vida, mas não do que eu penso.

Eu sou tipo vaso ruim, por isso não quebro.

Não perco o dedo por causa do anel.

Não sou dois, mas estou sempre prevenido;

Se mexerem comigo, a cobra vai fumar...

Devagar e longe é o lema que celebro;

Por estar vivo, eu levanto as mãos para o céu.

Seremos mais fortes se estivermos unidos,

Pois não há mal que o tempo não possa curar.

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