a minha arma é também meu remédio

a angústia de saber que

com um lápis na mão

posso criar o poema

mais lindo do mundo

às vezes me toma o pensamento

a agonia de saber que

com algumas folhas de papel

posso criar um livro

que mais tarde seria “ O livro”

também me consome o pensamento

a dor e delícia da ilusão

de achar que escrevo alguma coisa

minimamente apreciável

me faz querer continuar

não somente escrevendo

mas vivendo assim

e vivendo de palavras

chegarei em minha Pasárgada

onde terei as ideias que já tenho

mas com a capacidade de transpô-las

que não possuo

e quero.