CORPO A OCO

o vazio carrega barulhos

embrulhados em silêncio

a morte embaralha as vidas

que chegam aos montes

é solidão o seu serviço braçal

nada fazer, esperar, esperar

esperar acontecer

o sol abraça o ar

o frio veste o vento

a luz beija a lua

tanto faz

importa essa dança de nada com nada

no nada

o corpo dessa abstração

desenha fantasias ao andar

corpo, alma, as mãos dadas

como, aliás, toda imagem que se deforma

quando se forma