Desencontros

Houve um tempo em que nós havíamos,

Não se sabe se ainda nada havemos,

Amor que em mim já brotou,

A vontade que em nós aflorou

E o cheiro que em mim te findou.

Não sabia se eramos início,

Ou se fim o fomos,

Mas há medo em meu barco,

O tu que em mim havias, silenciou,

Porque eu já não hei em ti essa semana.

Nem sei quantos anos adormeci esse último mês,

Ou quanto ainda durmo,

Percebo-me imóvel, preso ao tu que em mim não cabe,

Eu sou inteiro, tu me dizes ser também,

Eu em ti hábito, nós ainda há, mesmo distantes.

Nem é inverno, mas chovo

A frieza que cobre a noite, apaga o brilho da lua,

Esse brilho não há, pois não houve sol

E eu preso no que de nós ainda me resta.

Parece que as flores adormeceram,

Eu desabrocho em tuas mãos,

Cubro tua pele na esperança de estar em ti,

Mas sou repelido, porque teu corpo pousa no mim,

No mim que não há em meu corpo.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 22/04/2019
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