Ontem eu era teu

Quando nossos corpos se uniram,

Tudo o que cabia em mim foi teu,

Os beijos, o toque de minhas mãos,

Meu vício era ouvir tua voz.

De tanto te ouvir,

Prendi-me ao eco do teu silêncio,

O brilho dos teus olhos a decifrarem quem sou,

Minhas vontades tão tuas que foram nossas

E nós ainda presos, não sabemos o que somos.

Eu sem mim e sem ti,

Tu sem o que restou de nós

E nós perdidos nos desejos que devoravam o que ainda somos,

Mas nada se ausentou de nós, apesar da distância.

Eu do outro lado da rua, ouço tua voz,

Tu nem gritas meu nome,

Mas é apenas o eco do teu pensar que ne ativa o ouvir.

Nós saberemos de nossas ações, ainda que não sejamos.

Ainda há espaços para esperar,

E enquanto houver o nós atados,

Estarei por aqui.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 08/02/2019
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