O poeta e a mulher

Mulher, porque me olhas?

Não me tornes teu algoz!

Abriste-me o peito em chagas

e agora me devoras com olhos sedentos.

Que perito em tortura és tu, mulher?

Assim quisestes ser e tornastes a ti própria!

Por que me chamas?

Não és a aurora da manhã

nem o orvalho que me acorda de leves sonhos

desenvolvido em noites abençoadas.

És, sim, o calor da carne

que ofusca o Sol e o faz piscar,

és o fogo que arde na chama e a faz gemer,

és dor que me faz sofrer.

Deixa-me só, solitário,

mas esperançoso de que outro dia nasça

e a flor possa brotar ao amanhecer,

quando a moça virgem minha poderá ser.

Sou chama que arde sem cessar,

mas que sofre sozinha

e ama a todas as virgens e seus encantos.

Ulisses de Maio

Obs.: Cabe aqui uma ressalva: O eu lírico deseja uma moça madura, embora virgem por ser mais sensível. E, quando ele diz amar todas as virgens, fez um exagero para ressaltar a vontade de conhecer uma moça com tal sensibilidade.

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 17/09/2007
Reeditado em 08/08/2009
Código do texto: T655697
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