A rota
É hora de tratar a tristeza dignamente,
percorrer o futuro sem sadismo e sem drama oco,
mensurar a dor e reunir o passado em pétalas,
as estranhezas e os acasos — as perdas e os traumas —
superá-los amorosamente.
Recodificar o perdido na habitual vivência,
sorrir sem paixão, mas com os dentes limpos.
Ver os nimbos passearem límpidos pelo corcovado da cabeça,
Assim,
na trajetória infinita,
sem glória e sem heroísmo,
amar simples e coletivamente,
o ar e a vida,
e as provas plácidas.
Deter-me no opaco silêncio e reconhecer as cores:
o cinza alegre,
o marrom tenro.
Acolher o preto luto desbrotar dentro das pernas,
ocupar-me de belezas — ao invés de sacrifícios.
Deixar o lamento em seu próprio ostracismo,
Festejar o nascimento de minha carne,
Que está agora!
Na rota do tempo — sem prévias e sem engasgo.