A rota

É hora de tratar a tristeza dignamente,

percorrer o futuro sem sadismo e sem drama oco,

mensurar a dor e reunir o passado em pétalas,

as estranhezas e os acasos — as perdas e os traumas —

superá-los amorosamente.

Recodificar o perdido na habitual vivência,

sorrir sem paixão, mas com os dentes limpos.

Ver os nimbos passearem límpidos pelo corcovado da cabeça,

Assim,

na trajetória infinita,

sem glória e sem heroísmo,

amar simples e coletivamente,

o ar e a vida,

e as provas plácidas.

Deter-me no opaco silêncio e reconhecer as cores:

o cinza alegre,

o marrom tenro.

Acolher o preto luto desbrotar dentro das pernas,

ocupar-me de belezas — ao invés de sacrifícios.

Deixar o lamento em seu próprio ostracismo,

Festejar o nascimento de minha carne,

Que está agora!

Na rota do tempo — sem prévias e sem engasgo.

Toya Libânio
Enviado por Toya Libânio em 15/01/2019
Código do texto: T6551227
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