Nossos passos
Os caminhos pelos quais andamos foram árduos,
A cada passo, um espinho, em cada espinho, uma dor
Nós dois a seguir impensantes, destraídos num só ardor,
Mas os nós em nossas mãos permaneceram assíduos.
Eu, nu do sentir, repousei teu corpo sobre o meu,
Tu, que fechaste os olhos para me receber, entregaste teu eu,
E nós estamos aqui, ainda atados, caminhando entre espinhos,
Os nossos passos não esmorecem porque há carinho.
Esse gosto amargo de vida sofrida,
Acaba nos fazendo prever a partida
E ainda que seja uma dor antiga,
Nossos pés cansados anunciam fadiga.
Os teus passos a guiarem os meus,
Os meus a guiarem os teus,
Um é a forca do outro e assim seguimos,
Quando não houver mais força, partimos.
Cada um para um lado, sem medo de que nossos passos
Novamente se cruzem e percebam que devemos seguir,
Um no outro, sempre, até que os dias acabem.