Nossos passos

Os caminhos pelos quais andamos foram árduos,

A cada passo, um espinho, em cada espinho, uma dor

Nós dois a seguir impensantes, destraídos num só ardor,

Mas os nós em nossas mãos permaneceram assíduos.

Eu, nu do sentir, repousei teu corpo sobre o meu,

Tu, que fechaste os olhos para me receber, entregaste teu eu,

E nós estamos aqui, ainda atados, caminhando entre espinhos,

Os nossos passos não esmorecem porque há carinho.

Esse gosto amargo de vida sofrida,

Acaba nos fazendo prever a partida

E ainda que seja uma dor antiga,

Nossos pés cansados anunciam fadiga.

Os teus passos a guiarem os meus,

Os meus a guiarem os teus,

Um é a forca do outro e assim seguimos,

Quando não houver mais força, partimos.

Cada um para um lado, sem medo de que nossos passos

Novamente se cruzem e percebam que devemos seguir,

Um no outro, sempre, até que os dias acabem.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 05/01/2019
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