A TENACIDADE DOS DIAS

Não pisar com os pés sobre a grama

Por onde histórias estão rastejando

As formigas tecem teias para fugir

Dos traços que o destino deixou na trilha

Não pintar uma tela com as nódoas

Que magoam a mão em seu desatino

Pensar que o céu pode ter a outra cor

E que os olhos se fecham diante do amor

Nem sentado sobre os pesos dos remorsos

Meu pescoço se verga com o vento

Sigo cortando o ar com minhas rugas

Indo em busca de cada grama amassada

Caminhar sobre tapetes e tropeçar em vão

Nos erros que afloram diante dos pés cansados

Cambaleante penso que passos são palavras

Escrevendo poemas em praças de guerra

Tento adiar o "time" da minha queda final

Mantendo meu corpo sobre a tenacidade

Dos dias que avançam vorazes sobre mim

Dizendo que a areia é cada vez mais escassa

Na ampulheta esquecida em alguma dobra

Daquele tempo em que eu era apenas ingênuo

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 14/05/2018
Reeditado em 14/05/2018
Código do texto: T6336584
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