Aos Olhos de Uma Criança

Quando jovens somos

Imaginamos anjos e demônios

Mas não é privilégio dos mais novos

Apenas existe neles a lealdade aos sentidos

Sentidos que capta mais facilmente as mazelas nossas de cada dia

Pois são críticos ferrenhos da hipocrisia

Que destila seu fel todos os dias

Em palavras preparadas e sem profundidade

Para surdos e cegos que os seguem

Morrem se algo não estiver dentro dos seus conceitos tacanhos

Pois não sabem crescer em amor nem tamanho

Passam a vida a orar

E dizem que o tempo é de espera

Não sabendo que a demora é proveniente de palavras vazias

Proferidas apenas pela boca

Ainda se acham no direito de ensinar e protestar

Não entendem nem a si próprios

Escondem o podre em verniz lustroso

Trazem sempre uma palavra amável mas falsa

Porque nem eles acreditam

Que seria de nós se por meio desses chegássemos ao céu

Que loucura seria

Perdidos para sempre em suas agonias

Na incerteza que os devora

No frio dos seus espíritos

Graças a Deus temos razão e consciência

Para questionar os absurdos

Sobre a incapacidade de muitos de nos guiar ao infinito

Sepulcros caiados

Já falou Jesus Cristo

E por medo de existir e pensar, passam o tempo a criticar

Todos e tudo no mundo

Como se fossem donos da verdade

Sem ao menos conhece-la em profundidade

Se são incapazes de entender um poema

Como interpretar parábolas?

Doces perecem seus medíocres ensinamentos

Somente para os que fingem ouvi-los

Pois quem tem ouvido ouve e olhos enxergam

Os parâmetros são outros

Além das palavras de efeito proferidas.