Que nome dar?

Que nome dar ao instante em que as minhas mãos seguram as tuas mãos, elas que impossivelmente são tão somente tuas e minhas, mas de tudo e todos que tocaram?

Que nome dar ao instante que dura como sonho, tão impossivelmente nítido e consciente do que se passa por trás das linhas escritas nas tuas e minhas mãos?

Que nome dar sem dar a morrer - desde sempre impossível não dar à morte - ao calor daquele nó desatando o universo, nada sendo dito que pudesse viver fora dos olhos?

Que nome dar que não seja já o teu sobre o meu nome, nos roubando do mundo onde as horas se perderam pra nos acharmos naquele abismo de ecos entre mãos e olhos?

Que nome dar? Se nunca se pode dizer por nós, tampouco por mim, um eu que sente antes e fora da presença? Que fazer senão remeter o verso da palavra, o silêncio?...