RÉVEILLON (Raia dia)

Viramos as páginas!!

Dada a hora de se desfazer daquele imã de geladeira.

Já se expirou essa promoção de gás.

E uma cortina escura enfeita o meu esbranquiçado ritual.

Arrames são postos nos meus olhos pela dúvida enquanto piso junto com meus amigos no pescoço deste velho que agora está a arquejar.

Bêbados daquilo, pois enxergamos apenas um jovem promissor que vem ao nosso encontro.

Andamos, e gritamos, "Santo és ó senhor de branco, santo és!!" Como murmuram personagens bíblicos na presença do divino.

No dia seguinte, agora Já não mais tão empolgado com essa cerimônia legal, percebo eu, que fiz besteira em esganar o velhinho.

Pois os jovens não sabem o que fazem. É incerto sapatear no desconhecido.

Sem falar que os jovens são crises vagando numa forma materializada, como os velhos agora na calma foram crises antes.

Foi tolice adorar essa dúvida. Confiar a um estranho minha vida não é

inteligente. (Escrevo como se pudesse eu questionar essas questões de nascer e morrer do tempo.)

Eu que faço as mesmas coisas de sempre...

Eu que dou início ao jogo das mesmas coisas. Sempre e eternamente sempre, fazendo condenado a mesmice de matar velhinhos e

recepcionar rapazes.

Que roteiro é esse de liberdade em cárcere?

Matar velhinhos e abraçar rapazes.

(Eu escrevo como se pudesse questionar essas questões de nascer e morrer do tempo.)

Mas entendo que sou eu assim... um conflito que anda e fala, que queria não ser, e se enaganar ao trazer desse branco que enfeita minha blusa do lado de fora, o sentimento de comigo fazer as pazes, e aceitar as coisas como quem sem voz se cala.

Alisson Oliveira
Enviado por Alisson Oliveira em 01/01/2018
Reeditado em 14/08/2020
Código do texto: T6213844
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