Infância!

É fácil lembrar da infância

Das peraltices sem fim

Comendo melancia

Tocando fogo em capim

Um fumaceiro medonho

Que sufocava e fedia

Se escutava o estrondo

Da chinela na madeira

Era mamãe que dizia:

Faz fila pra apanhar

Seus mal criados

Vou ensinar pra vocês

Que é ser endireitado

Quando eu era menina

Assim falava mamãe

Eu brincava de casinha

As bonecas enterrava

No velório eu rezava

Ave Maria com uma ruma de graça

Mamãe nem desconfiava

Que eu enterrava as bonecas

E quando elas sumiam

Eu fazia aquela festa

Pois sabia que não morreriam

As minhas pobres bonecas

Sabia que dali a pouco

Elas levantariam

Iam passar pro outro lado

Pois elas nunca morreriam

Pois os mortos que eu via

Assustavam minha mãe

Então as vezes eu não falava

Da vida dos mortos sãos

Hoje parece sinistro

Pra muitos isso, escutar

Mas as brincadeiras que tinha

Que me faziam apanhar

E hoje não saberia

Se criança, hoje eu fosse

Com que eu brincaria?!

Não chegaria aos pés

Das minhas traquinagem

Triângulo, bila, peão

Mal me quer é bem me quer

Pera uva maçã

Roda, elástico baladeira

E também de assombração.

Reijane Brasileiro
Enviado por Reijane Brasileiro em 27/12/2017
Reeditado em 25/09/2018
Código do texto: T6209302
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