PORTA RETRATOS

A vida deslumbra sempre uma vida,

Recheada de vida em vida,

Apenas vivemos e não temos o tempo,

Que nos diga quanto tempo temos,

Apenas acompanhamos o sol nascer,

A lua resplandecer num céu estrelado,

E amanhã apenas um porta retrato.

Saudades, repousadas em mesinha,

Empoeirada, esquecida entre tantos

Portas retratos em preto e branco,

Lembranças frágeis em datas enumeradas,

Quantas aguçadas por histórias remotas,

Poucas ou quase nada lembradas,

São memórias de porta retratos.

Longe são teus feitos e atos,

Heróis que foram em vida sem retorno,

Ou vilões gravados sem retratos,

Quantos caminhos percorridos,

Quantos foram os atalhos,

Quantos não foram aproveitados,

Hoje adornados em porta retratos.

Se foram histórias no tempo,

Imaculados em memórias sem memórias,

Em fios de navalhas cegas as súplicas,

A cortarem sonhos ainda por viverem,

São as feridas ainda por cicatrizarem,

Mais são lembranças imaculadas,

São porta-retratos em coloridos vitrais.

Louvamos se não somos nós os esquecidos,

Longe estaremos, num sopro de vela

A perpetuar nossa breve história,

Suamos vida, somos seres mortais,

Suavizamos nosso egoísmo, nosso pudor,

Mais deixamos sempre uma semente de amor,

Uma estante, um porta retrato e uma dor.

Ricardo Nunes de Sales
Enviado por Ricardo Nunes de Sales em 09/12/2017
Código do texto: T6194542
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