O mundo onde nós não existimos

Papeis solitários recriam seu rosto afogado em algumas palavras tolas

Na lembrança que fere e inflama uma dor boa e invisível.

Foi o jeito como você fechou os olhos, como olhou para baixo, como seu suspiro soprou o mundo

O mundo que eu recrio, o mundo que nunca foi, não é e nunca será

Me apaixono fácil demais.

O pensamento derrete a realidade ao meu redor, a minha identidade

Pois a sua presença levou o meu nome embora no vento, uma letra de cada vez.

O orvalho que beija o seu corpo reflete o infinito gota a gota

O tempo escorre pelos dedos e queima lentamente o espaço

Linhas de eternidade desenham o seu rosto enquanto as flores selvagens deixam o jardim para dar cor aos seus olhos.

Você sorriu e fez meu chão palpitar antes de se dissolver em estrelas

Eu caio e estendo minha mão para o seu fantasma

Mas seu rosto se afasta e volta para o único lugar onde o verei pelo resto da minha vida:

A memória

E eu continuo caindo rumo ao mundo onde nós não existimos.

Lumontes (Lucas Montenegro)
Enviado por Lumontes (Lucas Montenegro) em 04/12/2017
Reeditado em 04/12/2017
Código do texto: T6189474
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