O mundo onde nós não existimos
Papeis solitários recriam seu rosto afogado em algumas palavras tolas
Na lembrança que fere e inflama uma dor boa e invisível.
Foi o jeito como você fechou os olhos, como olhou para baixo, como seu suspiro soprou o mundo
O mundo que eu recrio, o mundo que nunca foi, não é e nunca será
Me apaixono fácil demais.
O pensamento derrete a realidade ao meu redor, a minha identidade
Pois a sua presença levou o meu nome embora no vento, uma letra de cada vez.
O orvalho que beija o seu corpo reflete o infinito gota a gota
O tempo escorre pelos dedos e queima lentamente o espaço
Linhas de eternidade desenham o seu rosto enquanto as flores selvagens deixam o jardim para dar cor aos seus olhos.
Você sorriu e fez meu chão palpitar antes de se dissolver em estrelas
Eu caio e estendo minha mão para o seu fantasma
Mas seu rosto se afasta e volta para o único lugar onde o verei pelo resto da minha vida:
A memória
E eu continuo caindo rumo ao mundo onde nós não existimos.