A mentira que conforta
Na ausência da verdade
O alívio, o conforto
A nova realidade
Fez-se o brinquedo torto
Já passada a cegueira
Sou guiado pela luz
Alma que abismo beira
Cala quem ao salto induz
Paira a verdade ausente
Num pecado capital
Alivia a quem sente
A cura de todo mal
Tempo o supremo rei
A vida do xadrezista
Cria sua própria lei
Arma-se o estrategista
No ato de não pensar
Forte, à tona, real
Ondas de revolto mar
Quebram-se em meu quintal
Foi-se embora toda paz
Sem horário dia ou data
Direta, cruel, voraz
A verdade que maltrata
A mentira que conforta
Tão presente ilusão
Vai-se sem fechar a porta
A verdade, punição.