Eles, sempre artificiais e incolores
Eles, sempre artificiais e incolores
Me julgando mas vivendo do breu
Ninguém quis sentar e ouvir minhas dores
Suicídio é vida pra quem já morreu
Levaram-me flores artificiais
Acenderam velas ao pé da cruz
Mas ninguém foi pra provar minha lágrima
Nem levaram meu cadáver pra luz
Bem no dia terceiro daquele mês
Já haviam cumprido com a obrigação
Eles agora aguardavam a vez
De ir para o céu a sete palmos do chão
Foi quando um anjo com asas quebradas
Mostrou-se e violou minha sepultura
Meu corpo podre jogado na mata
Depois de beijar-me, voou pras alturas
Ao redor de toda matéria orgânica
Eu vejo desenvolver-se o capim
Esparramado no solo, com ânimo
Árvores nascendo dentro de mim
Elas, um dia, produzirão sementes
Que germinarão bem longe daqui
Serei o leve ar que respiram os doentes
E a flor natural que não recebi