AO POETA DA RUA CHAMADA LOUCURA

O poeta Mário Gomes

Sua vida paixão e morte

Sua vida - um poema de amor e dor

A paixão - boemia na poemia do amor

A morte passagem

Passaporte de um poeta acolhedor

Em sua bagagem histórica

Vivenciou a tortura

Os golpes da ditadura

O seu corpo e alma machucou

Mas o poeta não perdeu a leveza

Sua grandeza se revelou na simplicidade

Traços de sua humildade

Que cultivou a poesia

E a semeou pelos canteiros da cidade

Com altivez e elegância

Declamou e encarnou a louca sabedoria

A Casa de Acolhimento leva o seu nome!

Nós, os loucos desta cidade

Que ousamos tecer as lutas de paz

Repercutindo sua memória

Como relicário do seu e nosso amor por Fortaleza

Texto escrito e declamado na inauguração da Casa de Acolhimento Mário Gomes, no dia 03 de Outubro de 2017. A unidade de acolhimento para usuários de álcool e outras drogas foi inaugurada pelo Prefeito Roberto Cláudio que homenageou o poeta falecido em 31/12/2014.

Sobre Mário Gomes

Mário Gomes era conhecido com Poeta Descomunal e se tornou popular como transeunte da Praça do Ferreira e no Centro Dragão do Mar de Arte Cultura, em Fortaleza.

O poeta escreveu vários poemas sobre a vida em Fortaleza e locais da cidade que ele considerava especial, como a Praça do Ferreira. Ele foi aposentado por invalidez e esrevia desde os 18 anos.

Parte da obra de Mário Gomes foi gravada em vídeos e disponibilizados na internet, sendo compartilhados milhares de vezes.

No poema que ele considerava autobiográfico, Mário Gomes diz não ter residência fixa ou responsabilidades (Lei o poema "Sou um Carrocho Vira Lata, abaixo".)

Sou um cachorro vira-lata

Não tenho residência fixa

Não tenho responsabilidades

Não tenho dono.

Mas, também, não me falta sexo

Porque conheço lindas cadelas

De tipos diversos.

Onde chego procuro alimentos

Fumo na hora em que me é propício

Um cigarrinho com filtro ou sem.

Sou um cachorro fiel e valente

(Só na aparência)

Pois, sou um cachorro vira-lata.