DINHEIRO
Tenho dinheiro para comprar uma fruta.
Com algum dinheiro ganharia um combate.
Mas nem mesmo com moedas que se amontoam em alguns punhados,
Evitaria o choro das mães ou a dor de uma culpa.
As páginas do evangelho não ensinam como faturar fortunas,
Nem os lábios de uma puta dirão: amo!
O braço apertado sacia o parente saudoso e distante.
Com mil entendimentos dignos de luz e sabedoria, o louco sairia dos grilhões,
Sem precisar de milhões.
De nada adianta um eunuco milionário e a cruz, seria apenas uma cruz,
Se antes dela não existisse um Cristo a exclamar: - Daí à César o que é de César!
Quantos desejos terá um pote cheio de ouro?
Quantos atalhos ainda a palavra tomará, sem antes
Passar pelo coração?
O poema é uma distância abreviada.
(Alguém me sussurrou o que é belo).