MÃE QUANDO MORRE

MÃE QUANDO MORRE

Mãe quando morre

Leva consigo

Pedaços da gente

Uma boa parte do coração

O que resta sangra

Parte das mãos e dedos

Que tanto se acariciaram

Nunca apontaram

Parte dos pés

Que parecem perder solidez e prumo

Na agora só caminhada

Grande parte da boca

Que já não beija

Com tanto amor

Que já não mama em seus seios

Que não saboreia seus quitutes

E os olhos então

Que enxergam mas não mais veem

E são oceano de águas salgadas

Que purgam em cascata

Em rostos desfeitos pela dor

Ouvidos que deixam de ouvir

Cantos, cantigas, conselhos

Música aos ouvidos

Somente a cabeça fica cheia

De saudade imorredoura

Com lembranças

Que eternamente ficam guardadas

No consciente e no inconsciente

Até o momento do reencontro

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 05/09/2017
Reeditado em 05/09/2017
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