O PACTO



    As bodas – não aquelas, do Cordeiro –
    Foram no Inferno e a noiva era tão feia
Que trouxe lágrimas e engulho à lua cheia.
            Quem pode amar o desespero?
 
    O sacerdote arrota as Escrituras
    Mal digeridas sobre o par feliz.
As horas rastejantes são servas senis,
            Letárgicas e vis, impuras.
 
    Quis ser um fungo em tronco morto – invejo
    A sorte dessas coisas sem apelo
– estar bem longe dessa farsa, o pesadelo
            Supremo das almas sem pejo.
 
    As bodas lá no Inferno duram tanto
    Quanto os remorsos duma vida inteira.
O sacerdote sela o pacto – ah, que besteira!
            A lua não contém seu pranto.


 

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 26/08/2017
Reeditado em 26/08/2017
Código do texto: T6095219
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