DEPOIS DAQUELA NOITE.
Hoje levantei-me,
abri a a janela,
a noite ainda reinava,
a aurora preparava
a nova manhã,
o vento me depositou
além dos meus olhares,
me petrifiquei diante
da morte e da vida.
Fiquei por um momento
me ajeitando em mim,
depois me levei ao
banheiro,
dei banho na minha fraca
figura,
ajeitei meus últimos
fios de cabelos,
os heróis da resistência.
E enquanto a manhã
era anunciada,
vesti meu corpo
com o melhor de mim,
e quando o sol estava
menino, já me encontrava
pronto para zarpar.
Tomei o café péssimo
da padaria,
e só depois de saciado,
fui ver um amigo que
anda nublado,
cheguei , bate palmas ,
e após um bom tempo,
ele pôs seu inferno na
janela,
porque ,não se engane,
o céu e o inferno estampam-se
em nossa face.
Então entrei, a casa estava
aborrecida,
só ele e a nostalgia,
e dentro de tudo reinava
a solidão.
Conversamos uma vida,
depois convidei-o a irmos
ver uma partida de futebol,
ele apenas acenou-me como
um universo em desencanto.
De um outro lado qualquer
sua família decerto sofria,
não entrei em detalhes,
lembrei-me, de um ditado,
a solidão se come aos poucos,
quando voltei pra mim,
a noite se fazia um embrião,
e nela me agarrei,
para cumprir o meu destino,
fui a janela,
o poente se enroscava no
fogo,
e dali mesmo eu percebi
que eu era uma partícula
incapaz de consertar o mundo.
Depois daquela noite,
Me sinto grande apenas
para enxergar minha pequenez.