DEPOIS DAQUELA NOITE.

Hoje levantei-me,

abri a a janela,

a noite ainda reinava,

a aurora preparava

a nova manhã,

o vento me depositou

além dos meus olhares,

me petrifiquei diante

da morte e da vida.

Fiquei por um momento

me ajeitando em mim,

depois me levei ao

banheiro,

dei banho na minha fraca

figura,

ajeitei meus últimos

fios de cabelos,

os heróis da resistência.

E enquanto a manhã

era anunciada,

vesti meu corpo

com o melhor de mim,

e quando o sol estava

menino, já me encontrava

pronto para zarpar.

Tomei o café péssimo

da padaria,

e só depois de saciado,

fui ver um amigo que

anda nublado,

cheguei , bate palmas ,

e após um bom tempo,

ele pôs seu inferno na

janela,

porque ,não se engane,

o céu e o inferno estampam-se

em nossa face.

Então entrei, a casa estava

aborrecida,

só ele e a nostalgia,

e dentro de tudo reinava

a solidão.

Conversamos uma vida,

depois convidei-o a irmos

ver uma partida de futebol,

ele apenas acenou-me como

um universo em desencanto.

De um outro lado qualquer

sua família decerto sofria,

não entrei em detalhes,

lembrei-me, de um ditado,

a solidão se come aos poucos,

quando voltei pra mim,

a noite se fazia um embrião,

e nela me agarrei,

para cumprir o meu destino,

fui a janela,

o poente se enroscava no

fogo,

e dali mesmo eu percebi

que eu era uma partícula

incapaz de consertar o mundo.

Depois daquela noite,

Me sinto grande apenas

para enxergar minha pequenez.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 20/08/2017
Reeditado em 24/08/2017
Código do texto: T6089618
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