POESIA BIPOLAR
Quando estou de mal com o mundo,
As luzes se apagam, desbotam-se as cores,
A alma reclusa sente esparsos tremores,
Acamada no fundo do espaço sem fundo.
Eu vejo o mundo com espanto,
Pavor, preocupação,
Tensão, terror,
Horror, hesitação...
O céu se entristece ao ver o Sol se pôr.
E dos olhos nublados e em pranto
O frio desencanto precipita desolado
Pingos ardentes de lamentos
E de dilacerante dor,
Tornando a vida um jardim alagado.
Desconsola-me a alma ver o mundo assim:
Fanático, caduco,
Trágico, maluco,
Marchando infeliz, dia a dia, para o fim
Na interminável caminhada do tempo.
Assim, entre as trincheiras do perigo,
Faço-me de folha lançada ao vento
Para escapar ileso do mundo perdido.
Quando com o mundo estou de bem,
Visto-me das cores luzentes das flores,
A alma faz-se brilhante e colorida também,
Encimada pelos céus de azulados fulgores.
Eu vejo o mundo através da janela
Que se abre ao cenário da primavera,
Tudo são flores! Divas tão odorantes!
E o frio desencanto fica de lado,
Não resiste à calorosa alegria
Do céu sereno e ensolarado,
Inspirada pelas flagrâncias extasiantes,
Encanto que dá à luz o sorriso da poesia.
Consola-me a alma ver no mundo enfim,
Fantástico, aprazível,
Mágico, inesquecível,
Passeando feliz, dia a dia, no jardim
Decorado de beleza e alumbramento,
Na insondável sede dos sentimentos
Onde pulsa a leveza do coração sensível.
Assim, entre as musas inspiradoras,
Faço-se de estrela no firmamento
Para tornar a vida mais encantadora.