Resignação
Vendo a escuridão banhar minha janela,
tomam conta de meus olhos os seus olhos lindos.
Me vejo entorpecido e deixo-me entorpecer,
para só assim tornar a sentir e só assim tornar a viver.
Não resisto mais teu carma e nem tua frágil fortaleza.
No meu oceano de mágoa, a tristeza fez-se relva,
onde as águas repousam no vórtice,
onde os bichos descansam na selva.
Também descanso eu, alheio, indiferente...
Eu que, de tanto doer,
permito-me adormecer.
Olhos cerrados frente o manto negro de uma noite qualquer,
reviro os relógios de meu coração em busca de uma lembrança sua.
Nem muito espero e já estás nua, sorrindo enquanto eu estremeço,
correndo enquanto eu tropeço, vivendo enquanto eu venero.
Impávida ao teu altar,
sacro e etéreo lugar,
vivo eu por teu traço,
dormirei por teu sonho.