Em tempos de tantas pobrezas

Vestiu-se de poesia e sem vergonha alguma

saiu por ai (pelas ruas), com a alma completamente nua.

Desde então, tem provocado muitas reações, as mais adversas:

- Quando ele passa, uns olham pra ele com pressa,

fazendo o olhar passar como se nada tivessem visto;

outros olham pra ele com calma, como se nada tivessem com isso;

mas alguns gostam e, curiosos, o seguem.

Atualmente sua máxima é a de atentar contra os pudores e contra a falta de senso,

tem sido figurinha fácil nos muros e nas paredes mais acinzentadas da cidade,

a sarjeta é seu playground predileto,

onde brinca e se diverte muito quando já é tarde demais;

dos rincões, os mais recônditos de seu bairro, fez cidade perfeita à sua morada.

Ultimamente anda frequentando também as bandas da simplicidade

- (uns a chamam de felicidade) -

e sem qualquer pudor, abandonou as dores e o tédio,

despiu-se das cores (que segregam) e dos julgamentos (prévios) que condenam

e hoje, sente-se bem por ter se despido de tanto vazio.

E em tempos de tantas pobrezas, caminha leve pela vida, leva a vida leve

e segue seu rumo caminhando pra frente,

sem trazer consigo nas costas ou nos ombros o peso

que serve de âncora na vida de tanta gente.