Pássaros
Varro os restos do churrasco de domingo
Que caíram da mesa.
Os passarinhos irão comê-los.
A fome deles não distingue
Os farelos ofertados pela
Mão involuntária do homem.
Para eles as migalhas
Também são sagradas.
Para eles, nesse momento,
O homem e Deus são um só.
Não reclamam a laranjeira
E a pitangueira que mandei cortar.
Continuam, todas as manhãs,
Dando concertos no quintal.
É sem tamanho a grandeza do pardal.
A gentileza do sabiá é comovente.