A PORTA
porta à frente,
entra o escravo do tempo,
como se em outro estado.
cobre-se de escuridão
brilhosa de estrelas e lua;
fogueira em corações e corpos acendidos,
busca de toques e trocas, a carne nua.
lobo gemendo, corrente sanguínea, elétrica,
disparos e espasmos, plena sensação de sensações,
a felicidade depositando beijos em corpo e alma,
aos poucos, saciado, aquieta-se.
Dia gritando,
horários, obrigações,
retorna o escravo à rotina;
fecha a janela, se veste de conceitos,
apaga a paixão, tranca a porta,
volta à negação.
Até quando seremos divididos entre prazer e razão?