Alarmes e surpresas

Às vezes, o sonho pesado como a realidade:

Veículos debatiam arduamente sobre as angústias

Da morte. Alguém se deixava levar por argumentos

E tráfegos. Eu já me divorciara de esperanças azuis

Para me casar com a rotina. Tivemos filhos idênticos

De mesmo nome. Minha cabeça batalhando contra o vidro

Da janela do ônibus. Como um astronauta desesperado

Contemplando a atmosfera de um planeta hostil. Ali, esperando

Apenas para ser cuidado. Um personagem secundário da própria

Auto-biografia. Ou uma paisagem anônima de uma pintura Impressionista, carregando uma tristeza admirável.

Ela me carregava.

Eu permanecia horas semi-olhando o céu sem formas definidas

Para aprender o método de estudos da resignação.

Com as nuvens.

Não havia nenhum futuro possível. Era a primavera

De alguma catástrofe. As crianças, porém, ainda se aconselhavam

Com flores. Estavam em vigília. Mas não eu, não nós.

Que acordávamos

Apenas para continuar dormindo.

Cesar Augusto Carvalho
Enviado por Cesar Augusto Carvalho em 18/07/2017
Reeditado em 29/04/2018
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